sábado, 22 de mayo de 2010

De músicos e sereias


Ontem assisti um filme que mexeu demais comigo. Hoje, uma das suas músicas me acompanhou o dia todo; deixo aqui para que acompanhe vocês também.

Pra quem estiver interessado, estou falando dum filme peruano de Claudia Llosa que se chama "La teta asustada" (A teta assustada-2009) e eu recomendo muuuuito.

Na canção tem uma palavra que não enocontrei no dicionário: quinoa. Trata-se duma semente bem pequenininha, duma cor entre branca e transparente muito cutivada nos Andes bolivianos e peruanos que fazia parte da alimentação básica dos povos incaicos e pré incaicos.



-Quinoa-


Bom, explicaçoes botánicas dadas e dicas do 7º arte à parte, deixo com vocês a razão desta postagem: Sirena.

Sentem. Sintam.

Com carinho,
Paula


Sirena - Sereia
Magaly Solier

Dicen en mi pueblo que los músicos Dizem na minha cidade que os músicos
Hacen un contrato con una sirena Fazem um contrato com uma sereia
Si quieren saber cuánto durará Se quiserem saber quanto vai durar
Durará el contrato con esa sirena Vai durar o contrato com essa sereia

De un campo oscuro tienen que coger Dum campo escuro têm de colher
Un puñado de quinoa para la sirena Um punhado de quinoa prá sereia
Y así la sirena se quede contando E assim a sereia ficar contando
Dice la sirena que cada grano Diz a sereia que cada grão
Significa un año Significa um ano

Cuando la sirena termine de contar Quando a sereia acabar de contar
Se lo lleva al hombre y le suelta al mar Leva o homen e o solta no mar

Pero mi madre dice, dice, dice Porém minha mãe diz, diz, diz
Que la quinoa difícil de contar es Que a quinoa é díficil de se contar
Y la sirena se cansa de contar E a sereia cansa de contar
Y así el hombre para siempre E assim o homen para sempre
Ya se queda con el don Fica com o dom

jueves, 13 de mayo de 2010

Medo da esternidade- Clarice Lispector



-Clarice Lispector-

Medo da eternidade

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.


Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.

Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.


Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

sábado, 1 de mayo de 2010

Mais Drexler..


Vixe, como deu trabalho postar dessa vez!!
Olha, eu adoro Blogspot mas tem dias que tentar postar dá um trabalho danaaaado, viu? Tudo fica travado, congelado..e não vai pensar que adianta dar tempo pro bichinho pensar porque nada disso! É questão de suprimir a entrada toda e começar tudo de novo.
Ainda bem que minha teimosia é maior do que as dificuldades técnicas, porque era pra eu ter dessistido há horas!! rs..

Gente, essa música, é das que eu mais gosto de Drexler. Tanto a música quanto a letra, são realmente lindas e tenho certeza vocês vão curtir, então mis queridos:

Bon apétit!!!!!

Besos para todos e feliz dia aos trabalhadores!





Todo se transforma - Tudo se transforma
-Jorge Drexler-

Tu beso se hizo calor O seu beijo virou calor
luego el calor, movimiento Depois o calor, movimento
luego gota de sudor Depois pingo de suor
que se hizo vapor, luego viento Que virou vapor, depois vento
que en un rincón de La Rioja Que num canto de La Rioja
movió el aspa de un molino Mexeu a pá dum moinho
mientras se pisaba el vino Enquanto se fazia o vinho
que bebió tu boca roja. Que bebeu sua boca vermelha

Tu boca roja en la mía Sua boca vermelha, na minha boca
la copa que gira en mi mano A taça que gira na minha mão
y mientras el vino caía E enquanto o vinho caía
supe que de algún lejano rincón Soube que de algum canto longe
de otra galaxia De outra galáxia
el amor que me darías O amor que você me daria
transformado, volvería Transformado voltaría
un día a darte las gracias. Um dia pra te agradecer.

Cada uno da lo que recibe Cada um dá o que recebe
y luego recibe lo que da Depois recebe o que dá
nada es más simple Nada é mais simples
no hay otra norma Não tem outra regra
nada se pierde Nada se perde
todo se transforma. Tudo se transforma

El vino que pagué yo O Vinho que eu paguei
con aquel euro italiano Com aquele euro italiano
que había estado en un vagón Que tinha estado num vagão
antes de estar en mi mano Antes de estar na minha mão
y antes de eso en Torino E antes disso, em Torino
y antes de Torino, en Prato E antes de Torino, em Prato
donde hicieron mi zapato Onde fizeram o meu sapato
sobre el que caería el vino. No qual o vinho cairia

Zapato que en unas horas Sapato que daqui a pouco
buscaré bajo tu cama Vou procurar embaixo da sua cama
con las luces de la aurora Com as luzes da alvorada
junto a tus sandalias planas Junto com as suas sandálias planas
que compraste aquella vez Que você comprou aquela vez
en Salvador de Bahía Em Salvador de Bahía
donde a otro diste el amor Onde para outro deu o amor
que hoy yo te devolvería Que hoje eu daria de volta.

Cada uno da lo que recibe Cada um dá o que recebe
y luego recibe lo que da Depois recebe o que dá
nada es más simple Nada é mais simples
no hay otra norma Não tem outra regra
nada se pierde Nada se perde
todo se transforma. Tudo se transforma